Movimento realizado em julho do ano
passado, o senador Fernando Bezerra Coelho foi convidado pela executiva
nacional do MDB para filiar-se ao partido no sentido de ser candidato a
governador nas eleições deste ano. Ele negociava com o DEM e caminhava para definir
sua ida para o partido quando recebeu o convite da sigla e acabou optando pelo
caminho do MDB. O movimento não era de fácil execução, uma vez que por diversas
vezes tentaram tirar o partido de Jarbas Vasconcelos e ninguém havia
conseguido.
Quando houve a sua entrada em
setembro, Fernando sempre deixou claro que tinha por objetivo levar o partido
para a oposição, uma vez que o PSB de Pernambuco se posicionou contra Michel
Temer desde que ele chegou ao Planalto, mas não aceitava perder o partido para
a oposição. Jarbas Vasconcelos e Raul Henry, cujo partido foi a tábua de
salvação de ambos no momento mais difícil de suas vidas que foi após a derrota
de Jarbas para Eduardo, voltaram ao poder no estado graças, sobretudo, ao tempo
de televisão do partido, que foi de fundamental importância para a vitória de
Geraldo Julio em 2012 e depois para a vitória de Paulo Câmara em 2014. Sem o
partido, talvez Jarbas e Raul não tivessem dado a volta por cima na
política.
Eles sabiam que sem o MDB perderiam
valor na equação de 2018 e decidiram ir pra guerra, sobretudo na seara
jurídica, e atingiram o objetivo de tirar Fernando Bezerra Coelho do jogo, que
era um adversário muito mais perigoso para Paulo Câmara por conta da sua forma
de fazer política, sendo um verdadeiro trator para trabalhar. Para o Palácio
esse movimento foi imprescindível, porque o governador Paulo Câmara teve que
enfrentar novamente um adversário que já derrotou em 2014 e que em três anos e
meio de governo não polarizou com Paulo, que é Armando Monteiro.
Porém na vida e na política não
existe ações sem consequências. Se por um lado Jarbas e Raul tiveram papel
determinante para tirar Fernando do jogo, agora quem tem a bola é Fernando, que
por não ter absolutamente nada a perder, tem as condições colocadas para tirar
Jarbas Vasconcelos da chapa majoritária do governador Paulo Câmara e
principalmente tirar o tempo de televisão do MDB da Frente Popular. Na última
semana houve movimentações que lastreiam a tese de Fernando no sentido de
colocar água no chopp de Jarbas, Raul e Paulo Câmara.
Para Fernando é fundamental que
Jarbas não se eleja senador, mesmo que tenha legenda para ser deputado federal,
e está óbvio que Jarbas e Raul não têm votos para elegerem os dois federais.
Com Jarbas deputado federal e Raul sem mandato, Fernando torna-se o principal
político do partido no estado devido à hierarquia do cargo em relação ao
federal e pelo seu alinhamento com o MDB nacional, não há dúvidas que neste
cenário ele será mesmo o comandante do partido, passando a ter grande
relevância na engenharia política do estado, sobretudo em 2020 quando pode ter
protagonismo na equação da disputa pela prefeitura do Recife, devido à
importância do MDB na equação do guia eleitoral e do fundo eleitoral.
Vale salientar que o que sustenta
Raul Henry no comando do partido é uma liminar que Ricardo Lewandowisk concedeu
e deixou o imbróglio parado. Mas por conta da proximidade com as eleições, o
ministro será obrigado a tomar alguma decisão sobre o tema. A própria Carmen
Lúcia já foi fustigada sobre o caso, e é extremamente plausível que até o dia 5
de agosto tenhamos alguma definição sobre essa questão, o que ampliaria o risco
de Jarbas Vasconcelos sair da majoritária de Paulo Câmara e atrapalhar tudo que
foi articulado para a composição da chapa da Frente Popular. Quem achar que
Jarbas está garantido na majoritária de Paulo Câmara, bem como o MDB, é bom
refazer as contas, porque o risco de não entregarem a mercadoria é muito alto.
Tese – Há quem defenda que se Marília Arraes for retirada do jogo e
fique Armando Monteiro e Paulo Câmara na disputa, a oposição reconsidere a
posição de lançar apenas uma candidatura. Na hipótese de Fernando ter o MDB,
ele seria candidato a governador apenas para cumprir tabela com apoio de siglas
nanicas, e tentar forçar um segundo turno para que Armando seja o adversário de
Paulo na segunda etapa, que por sua vez estaria com a base desmobilizada,
beneficiando o próprio Armando.
Nanicos – Com esta tese colocada, fariam parte desta pequena coligação
MDB, PRTB, PV, PSL, PHS e PSDC, e daria a oposição uma candidatura auxiliar
representada por Fernando que permitiria grande retaguarda a Armando Monteiro
para que ele chegasse em viés de alta no segundo turno mais forte e mais
encorpado para enfrentar o atual governador.
Fundo – É importante frisar que uma das teses que sustentaram o pedido
de dissolução do MDB foi lançar uma candidatura própria ao governo de
Pernambuco e que o fundo eleitoral do partido sem nomes proporcionais no caso
do comando ser entregue a Fernando terá que ser utilizado de alguma forma pelo
partido, então pelo menos o guia eleitoral de Fernando estaria garantido sem
ter que se preocupar com a disputa proporcional do partido.
Inocente quer saber – Como Fernando vai justificar ter o controle do MDB para não ser
candidato a governador?
FONTE: Edmar Lyra
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