Bolsonaro diz que 'não desamparou o povo' em meio a cobranças por demora na vacinação e hiato no auxílio

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Criticado pela demora na vacinação contra covid-19 e pelo hiato no pagamento do auxílio emergencial, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nessa quarta-feira (10), que “não desamparou o povo” na pandemia. Em cerimônia de sanção de projetos de lei que facilitam a aquisição de vacinas, o presidente prometeu disponibilizar 400 milhões de doses até o final do ano, mas voltou a defender tratamento para a doença com medicamentos sem eficácia, de acordo com estudos recentes.


Na contramão da postura adotada desde o início da pandemia, em que provocou aglomerações e sem utilizar máscara, no evento o presidente apareceu vestindo o item de proteção.


“Fomos e somos incansáveis desde o primeiro momento na luta contra a pandemia”, argumentou. “Adotamos também o maior programa social do mundo, que foi o auxílio emergencial. Não desamparamos o povo brasileiro. Não se tem notícia do mundo de um projeto social de tamanha envergadura.”


As parcelas do auxílio foram interrompidas em dezembro do ano passado. O governo planeja retomar o pagamento ainda neste mês, mas depende da aprovação da PEC Emergencial, em votação na Câmara.

No momento em que é cobrado por governadores sobre a falta de leitos de UTI pelo país, diante da alta do número de casos e mortes, Bolsonaro voltou a dizer que o governo federal não poupou recursos para Estados e municípios.

Ao falar sobre o combate ao vírus, o presidente exaltou o fato de o país ter distribuído até agora 17 milhões de doses, com 10 milhões de pessoas vacinadas. De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, até ontem 8,7 milhões de pessoas receberam a primeira dose (equivalente a 4,13% da população brasileira) e 2,9 milhões receberam a segunda dose.

“O Brasil está fazendo a sua parte. O governo federal tem mostrado o seu trabalho. Já foram entregues vacinas para 100% dos idosos acima de 85 anos de idade”, pontuou. “Até o final do ano, teremos mais de 400 milhões de doses distribuídas aos brasileiros”, disse. Bolsonaro destacou a capacidade do Brasil em produzir vacinas e que, futuramente, poderá ajudar países vizinhos.

Ao final do discurso, o presidente retomou a defesa de medicamentos sem comprovação científica para a covid-19 e o tratamento precoce para a doença.

“O médico sabe, aprendeu, tem o direito e o dever de medicar todo aquele que o procura. A doença ainda é desconhecida e ainda não tem medicamento com comprovação científica”, argumentou. “Neste prédio, mais de 200 pessoas foram infectadas. E, como eu, conseguiram cura com medicamentos como cloroquina, azitromicina, anitta, vitamina D”, disse.

Bolsonaro ainda pediu a população para confiar no governo, no Ministério da Saúde e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável por analisar a segurança das vacinas disponibilizadas no país.

Aceno ao Congresso

A cerimônia no Planalto foi promovida como um gesto ao Congresso, onde líderes também têm cobrado mais eficiência na vacinação.

Em fala anterior ao discurso de Bolsonaro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que os Poderes "devem ser independentes, mas devem se respeitar e estabelecer sempre a união". "Do outro lado da praça, há um Poder disposto a colaborar com o que for preciso", disse, em referência ao Congresso Nacional, que fica na frente do Palácio do Planalto.


Ele também destacou a importância de um "trinômio" formado por "saúde pública, desenvolvimento social e crescimento econômico".


Por fim, Pacheco falou do projeto de lei de sua autoria sancionado por Bolsonaro na cerimônia. O texto permite que empresas e entidades privadas comprem vacinas contra a covid-19 registradas em caráter emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde que doem parte para o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, a medida "representa a possibilidade de a iniciativa privada não competir com o poder público, mas poder auxiliar o Estado brasileiro na aquisição das vacinas".




FONTE: Valor investe

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