Ex-chefe do Mais Médicos: ‘Será difícil repor 10 mil vagas’

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Estimativa é que 367 cidades fiquem sem nenhum profissional na atenção básica

O preenchimento de todas as vagas abertas com a saída de profissionais cubanos, mesmo com o aumento na participação de brasileiros no Mais Médicos, é pouco viável e há grave risco de desassistência, avalia o professor de medicina da Universidade Federal da Paraíba Felipe Proenço de Oliveira.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o médico que ficou por mais tempo à frente da coordenação nacional do programa, de 2013 a 2016 estima que 367 cidades podem ficar sem nenhum médico na atenção básica.

Olhando todos os editais, não vejo como seja viável preencher 10 mil vagas com brasileiros [além dos 8.000 cubanos, há 2.000 vagas abertas]. O que pode acontecer é preencher com brasileiros formados no exterior”, afirma.


Para ele, as condições de Jair Bolsonaro (PSL) para manter o programa indicam desconhecimento do acordo com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e Cuba, modelo adotado em outros países. “São condicionalidades que não são exigidas em nenhum outro país”, diz.
Com a saída de cubanos, Oliveira diz que as capitais vão conseguir absorver a perda de médicos, mas as periferias e as cidades pequenas continuarão a ter dificuldades.
Estava fazendo um levantamento comparando a presença de equipes de saúde da família em municípios que têm cubanos. A partir disso, 367 municípios vão ficar sem nenhum médico na Saúde da Família [nome dado ao programa de atendimento em unidades de saúde]. Imaginando que esses municípios são pequenos, como a maioria em que os cubanos estão, isso permite estimar que eles vão ficar sem médico, porque são municípios que no geral não têm hospital.”
É um dado muito alarmante. Há vários estados, especialmente no Norte, em que a cobertura populacional de saúde da família vai cair até 30%. O Natal dessas cidades não terá médico”, lamenta Oliveira.
FONTE: Bahia.ba

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