Análise: ousadia de Dorival Júnior leva São Paulo a conquistar virada épica

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Time jogava melhor que o Botafogo quando tomou o terceiro gol, que parecia definir a partida. Mas com cinco peças ofensivas e muita garra, Tricolor conquistou a vitória sobre o Botafogo por 4 a 3

Na quinta-feira, quando concedeu entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, o técnico Dorival Júnior foi questionado como faria para que Hernanes e Cueva pudessem atuar juntos no time titular do São Paulo. Após dar uma pequena explicação tática, ele falou o seguinte.

– Quando você tem dois jogadores técnicos, tem tudo para dar certo. Sou um cara sincero, prefiro tirar um cara de marcação e colocar um cara que sabe jogar. Bons jogadores se adaptam muito mais facilmente. Profissionais que sabem jogar são uma carência hoje – afirmou.

O técnico tricolor colocou isso em prática na partida contra o Botafogo, no último sábado. Com o time perdendo por 3 a 1, de maneira injusta, ele partiu para o tudo ou nada: sacou Petros e colocou Marcos Guilherme e botou Wellington Nem na vaga de Marcinho. Cada um abriu por uma ponta.


No meio-campo, Hernanes e Cueva seguiram na armação, com Pratto (depois Gilberto) funcionando como referência. Com cinco peças ofensivas e ainda os apoios constantes de Bruno e Edimar, o São Paulo conseguiu o que parecia impossível: a virada por 4 a 3.

Em nove minutos, o São Paulo diminuiu a vantagem rival, empatou e chegou a uma virada épica. Daquelas para guardar na memória. Daquelas que servem como um divisor de águas, que podem marcar o início de uma grande fase. Mas, até os 38 minutos do segundo tempo, tudo parecia que seria mais uma tarde de frustração para o torcedor são-paulino.

Com Hernanes e Cueva no meio-campo, Dorival armou o time para tomar a iniciativa da partida. O gol de Cueva, aos 17 minutos, serviria para dar tranquilidade ao time? A resposta veio em dois minutos, com o gol do Botafogo, feito por Marcos Vinícius. Como já havia acontecido em outros jogos, como contra o Atlético-GO, o time paulista não conseguiu segurar a vantagem.


Pior: aos 25, o mesmo Marcos Vinícius virou o placar para os cariocas, com um chute de fora da área que contou com contribuição de Renan Ribeiro.

A preocupação tomou conta do São Paulo. Afinal, durante a semana, Pratto e Dorival Júnior deixaram claro: um dos aspectos que a equipe precisava melhorar era o emocional, era não se entregar quando tomava um gol. E, claramente, o time manteve o foco na partida. Edimar, que vem se firmando na lateral esquerda, exigiu boa defesa de Gatito. Marcinho e Hernanes, após cruzamentos feitos na área, perderam grandes oportunidades. O time terminou a etapa inicial jogando em cima do Botafogo, que se fechava na marcação para tentar sair nos contra-ataques.

O segundo tempo começou da mesma maneira, com o São Paulo tomando a iniciativa, e o Botafogo se defendendo. Depois de Hernanes exigir boa defesa de Gatito, aos sete, o Tricolor teve uma grande chance para empatar com um pênalti polêmico marcado pela arbitragem. Na cobrança, Cueva praticamente recuou para Gatito, que saltou no canto esquerdo e defendeu.


Achou que já era bastante drama? Que nada! Logo depois, Guilherme, no único ataque do Botafogo até então no segundo tempo, ampliou a vantagem, após passe de Luis Ricardo. Nesse instante, até o torcedor são-paulino mais fanático pensou: a fatura está liquidada e a equipe, por mais uma rodada, ficará na zona de rebaixamento.

Mas como o futebol tem muito do imponderável, a tarde reservava uma alegria para o torcedor são-paulino. As mudanças feitas por Dorival (citadas lá em cima) fizeram o time ir ainda mais para cima. Mas o tempo passava e nada dava certo. Até que aos 38, Marcos Guilherme, de cabeça, fez o segundo. A esperança reapareceu.

Dois minutos depois, veio o empate, com o Profeta Hernanes, E aos 47, o mesmo Marcos Guilherme, após assistência brilhante de Cueva, decretou a vitória. A primeira como visitante no Brasileiro!



Observações:

É claro que nesse momento, o resultado é o mais importante de tudo. Mas chama a atenção a maneira como o São Paulo jogou. A presença de Hernanes ao lado de Cueva fez com que o time passasse a ter triangulações, tanto pela esquerda como pela direita, o que era difícil de ser visto. A equipe jogou pelas duas laterais. Bruno melhorou em relação aos últimos jogos, enquanto Edimar tomou conta da posição.

É claro que aqui vale mencionar a boa estreia de Hernanes que, em menos de uma semana, driblou a falta de ritmo de jogo (a última partida havia sido no dia 21 de junho, na China) e a adaptação ao fuso horário para comandar a equipe. Jogando como meia, foi à frente várias vezes e não teve problema para fazer a recomposição defensiva. Quando estiver melhor fisicamente, vai ajudar ainda mais.

Foi apenas o primeiro passo. Mas a garra mostrada na segunda-feira diante do Grêmio, quando o time foi buscar o empate diante de 50 mil torcedores, virou uma atuação convincente diante do Botafogo, como o time não tinha havia meses. Na quinta, o adversário será o Coritiba. E certamente não faltará apoio do torcedor, que deve lotar o Morumbi mais uma vez, comenta Dorival Júnior.


FONTE: GLOBO.COM

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