Direto da Mata Sul
Na incursão que comecei, hoje pela manhã, às áreas atingidas pelas chuvas no Estado, o cenário encontrado não pode ser comparado nem de longe com às cheias de 2010. Diferentemente do que ocorreu naquele ano, cujo rastro de destruição lembrava mais um tsunami, os estragos se concentraram em algumas áreas. Em Sirinhaém, por onde começamos, o comércio e o centro da cidade foram encontrados na mais cristalina normalidade.
Os danos maiores ocorreram na área baixa, próximas ao rio Sirinhaém. Um dos acessos estava interditado porque muitas árvores despencaram dos morros atingindo a estrada. “Eu perdi tudo porque minha casa está localizada abaixo do morro, mas já estou de volta tentando reconstruir”, disse José Antônio da Silva, encontrado na estrada em que uma equipe da Prefeitura removia árvores que ameaçam desabar. O que constatamos é que as famílias atingidas estão precisando urgentemente de doações: alimentos, roupas, agasalhos, tudo que for possível.
Segundo informações de assessores do prefeito Franz Hack (PSB), 1,5 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas, sendo atendidas em escolas do município. Em Rio Formoso, a menos de 15 km de Sirinhaém, há um maior contingenciamento desabrigado. Na área mais atingida, entre a Rua da Lama e a Rua da Pista, as chuvas não levaram muitas casas, mas provocaram a destruição de móveis e eletrodomésticos.
O hospital local ficou completamente inundado e duas pessoas morreram. Segundo levantamento do Governo do Estado, quatro mil pessoas estão desabrigadas na cidade. Reginaldo José Ferreira, 43 anos, residente na Travessa da Pista, contou que perdeu todos os seus móveis na correnteza da água durante a chuva de domingo passado. “Tive que ir dormir na casa de parentes”, contou.
A 500 metros da sua casa, dona Ivonete Paula, 45 anos, perdeu até a sua carrocinha, instrumento de trabalho. Sem ter condições de comprar um só móvel ou eletrodoméstico, ela recorreu ao blog para fazer um apelo aos leitores de corações generosos. “Preciso de ajuda, perdi tudo: minha cama, geladeira, folgão, tudo”, afirmou, para acrescentar: “Estou desempregada e sem condições de comprar o que perdi. Que as pessoas de bom coração possam olhar para mim”.
Em Rio Formoso, o Exército começou a montar, pela manhã, o hospital de campanha, para atender nos próximos dias as famílias atingidas pelas chuvas. Funcionará no espaço de um campo de futebol, na entrada da cidade, próximo a PE-60. Já em Ribeirão, na Vila Ferroviária, a mais atingida, várias famílias tentavam recuperar os últimos móveis não destruídos totalmente pelas chuvas.
Em Ribeirão, o Rio Amaraji subiu dois metros além do seu limite máximo, o que fez transbordar o afluente de mesmo nome da cidade, Ribeirão, que invadiu as ruas. De acordo com o secretário de Infraestrutura municipal, Flávio Henrique Lima, das 30 escolas existentes, 22 foram danificadas. As restantes estão sendo utilizadas para abrigar cerca de quatro mil pessoas que precisaram sair de suas casas.
Além disso, sete postos de saúde estão prejudicados e 28 acessos à zona rural estão obstruídos, com comunidades parcial ou totalmente isoladas. Um deles é o distrito Vila Aripibu, cuja ponte de acesso foi danificada e só restou uma passagem para pedestres, que ainda assim está insegura. Em áreas de encostas houve deslizamentos de barreiras.
Entre as pessoas atingidas, encontramos dona Dolores Magalhães, angustiada e aflita, porque a sua nora Ladjane perdeu todos os móveis. Chorando, pediu que o Governo ajudasse Ladjane a remontar a sua casa. “Nós nãos temos ninguém neste mundo que nos ampare. Vamos esperar pelo Governo, que até agora só está nos dando comida”, desabafou.
Encontrado no prédio da Prefeitura Municipal, o prefeito de Ribeirão, Marcelo Maranhão (PSB), disse que ninguém ficará sem atendimento, mas que a Prefeitura não pode arcar sozinha com todas as despesas. “Nós estamos contando com o apoio do Governo do Estado, mas precisamos também da solidariedade humana”, disse, adiantando que, neste momento, o mais importante é restabelecer o abastecimento de água da cidade.
Em Pernambuco, já são cerca de 50 mil pessoas desalojadas e 31 cidades em estado de calamidade, todas localizadas nas regiões do Agreste e Zona da Mata Sul do Estado. O governo estadual atualizou o número de desabrigados e desalojados. Em todo o Estado, são 2.656 desabrigados, que perderam suas casas e foram alocados em prédios públicos, além de 42.145 desalojados, que precisaram sair de suas casas temporariamente e estão em residências de parentes e amigos.
FONTE: BLOG DO MAGNO MARTINS
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