Não acredito que a tentativa de homicídio de Jair
Bolsonaro provoque uma onda de comoção e cacife a candidatura. Logo após a
facada, um de seus filhos disse que acabavam de eleger o novo presidente, no
primeiro turno. Outro filho estaria preocupado com a saúde do pai e não com
votos. Mas ele se enganou.
Onda de comoção ocorre quando a vítima é "do
bem". A expressão é horrorosa, mas não encontro outra. A morte de
Eduardo Campos, por exemplo. Era um candidato bonzinho, não agredia ninguém,
tinha olhos verdes, simpático, sorridente. Aquele genro que toda mãe quer ter.
Rejeição zero. Todo mundo ficou triste quando seu avião caiu. Penalizado.
Marina, que o substituiu, quase ganhou em seu lugar, impulsionada pela
tragédia.
Não é o caso de Bolsonaro. Ele é o oposto de Eduardo
Campos. É vilão e não mocinho. E sempre fez questão de desempenhar o papel,
principalmente nos últimos dias, quando resolveu simular fuzilamento em praça
pública. Não é simpático, nem afável, nem sorridente, agride mulheres e
minorias, defende torturador.
Ou seja, o sentimento que provoca, mesmo quando é
vítima, nunca é de pena. Os seus simpatizantes (20%) podem até ficar comovidos.
Mas não os que o rejeitam (40%).
É mais provável que a sua rejeição aumente. O episódio
derrubou a sua principal bandeira. Mostrou que nem ele consegue se defender
sozinho de um agressor, mesmo cercado de seguranças, portanto sua proposta de
armar as pessoas é furada. Mostrou também que o candidato que promete acabar
com a violência não só não acaba com ela, como a atrai. E o eleitor normal não quer um presidente da
República que traga mais violência.
Vai procurar teu pasto bandido corrupto!
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