Cappelli: À oposição resta a unidade ou a cadeia

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O jornalista Ricardo Cappelli afirma que à oposição resta apenas duas opções ou a unidade ampla ou aniquilamento [cadeia]. “É só escolher”, escreve.

Ricardo Cappelli*
Quem raciocinar sobre o governo Bolsonaro com a lógica anterior estará fadado a não entender o que está acontecendo.
Estamos diante de uma ruptura brutal com o sistema. Lula manteve, seja no presidencialismo de coalizão, seja na lógica de manutenção do tripé da política macroeconômica, os mesmos paradigmas do governo FHC. O conteúdo político ideológico do governo, as prioridades, obviamente foram outras, mas sem ruptura com o sistema.
Bolsonaro está comandando uma ruptura guiado pela lógica militar. Na política, quando se ganha, a recomendação é distensionar, acalmar os ânimos. Na guerra a marcha continua até o aniquilamento do inimigo ou sua rendição humilhante.
Muitos sinais indicam que a Lava Jato contou com apoio de fora. Além dos formais, como o acordo do MP brasileiro com os EUA, algumas digitais, como a invasão dos emails de Dilma, indicam que a CIA/NSA estão nos visitando e orientando parte da burocracia estatal faz tempo.
Não adianta ficar esperneando agora, dizendo que Moro se revelou, que sempre foi político e etc. É choro inútil de perdedor. O novo Czar terá sob sua batuta PF, CGU e a política de segurança pública. E o Tio Sam na retaguarda.


Vai marchar com toda força sobre os opositores que serão tachados de corruptos. Não se espantem se a maioria da população aplaudir.
Redução drástica da máquina pública, pauta comportamental conservadora e o abandono do tripé macroeconômico, com câmbio em torno de 4 reais, juros baixos e inflação controlada “sem a paranoia das metas”. Se confirmado, claro, o anunciado até aqui por Paulo Guedes.
Este coquetel de medidas altera paradigmas e pode ser devastador. Lembremos o que ele disse e como foi votado pelo povo: “se preparem vermelhos, império da lei, cadeia ou exílio”.
A construção de uma Frente Democrática, sem partidismos imbecis, já deixou de ser uma necessidade política. Trata-se de uma estratégia defensiva de sobrevivência.
O rolo compressor começará a rodar já já. Quem ainda se ilude com uma resistência formal ideológica e heroica no vão do Masp pode deixar o passaporte atualizado, ou ir se habituando à cadeia.
Escrevi algumas vezes que Bolsonaro poderia ganhar as eleições, inclusive no primeiro turno. Poucos levaram a sério. Fui chamado por alguns de profeta do apocalipse. Eles estão marchando. Até quando vamos continuar negando a realidade?
Unidade Ampla ou aniquilamento. É só escolher.
*Ricardo Cappelli é jornalista e secretário de estado do Maranhão, cujo governo representa em Brasília. Foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) na gestão 1997-1999.

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